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'Coach do Campari' é só a ponta do iceberg de um universo misógino

Do TAB, em São Paulo

28/02/2023 04h00

Thiago Schtuz, 35, dono da página "Manual Red Pill", viralizou nas redes sociais por causa de uma série de falas misóginas e por ter ameaçado uma atriz que fez uma sátira do conteúdo, expondo um nicho até então desconhecido: os influenciadores "red pill".

"Red pill" ("pílula vermelha") é um termo usado por influenciadores que focam em ensinar táticas para manipular e conquistar mulheres. Apesar de ter adquirido um certo verniz de "desenvolvimento pessoal" ao longo dos anos, o termo é usado majoritariamente em espaços misóginos para definir homens que acreditam que o "sistema" sempre será favorável às mulheres.

No caso de Thiago Schutz, os "ensinamentos" sobre relacionamentos com mulheres e masculinidade são táticas para enfrentar esse "sistema". Para aprendê-los, basta comprar os e-books (vendidos por quase R$ 100 no site pessoal de Schutz), ouvir as entrevistas em podcasts ou recorrer aos atendimentos individuais que podem chegar até R$ 2.500, segundo o próprio coach.

Até então desconhecidas pelo grande público, as pílulas de conhecimento do influenciador pregam desde que o feminismo é uma doença até o perigo que mães solo oferecem ao homem moderno.

youtbe - Divulgação/YouTube - Divulgação/YouTube
Mães solo e mulheres que se dizem feministas são definidas como mulheres indesejáveis pelo universo misógino de influenciadores 'redpillados'
Imagem: Divulgação/YouTube

No vídeo em que as falas de Schutz viralizaram, o influenciador aparece falando de uma mulher hipotética que oferece cerveja a um homem tomando Campari como uma forma de manipulação feminina.

"Ah, mas se eu pegar uma breja você não toma comigo? Eu não tomo, entendeu? A mulher tem muito isso de querer mudar o cara, tentar colocar o cara debaixo dela, mas não é maldade, é um teste realmente. 'Deixa eu ver o quanto esse cara segura a opinião dele, será que ele vai pegar a breja só para me agradar?'. (...) O cara exercita isso e vira um cara mais autêntico, mais original", conclui Schutz, cujo nome de registro é Schoba.

'Machosfera'

Essa visão de mundo não é criação do influenciador natural de Salto (SP), mas sim uma pasteurização do discurso misógino disseminado em espaços virtuais nas últimas décadas, a "manosphere" ("machosfera" em português). Há subgrupos na "manosphere", como os ativistas dos direitos masculinos, PUAS (sigla de "Pick-up artists", artistas da pegação), incels (celibatários involuntários) e MGTOWs ("Men Going Their Own Way", homens seguindo o próprio caminho).

Esse rincão virtual é composto por grupos, fóruns, chans, sites, canais de YouTube e Telegram e comunidades frequentadas por usuários que compartilham a mesma crença na ideologia "red pill", onde dividem suas frustrações com o gênero feminino.

Apesar de hoje ser usado quase que exclusivamente em espaços misóginos, o termo "red pill" surgiu a partir do filme "Matrix", dirigido pelas irmãs Wachowski, ambas mulheres transexuais que já se posicionaram contra a ressignificação misógina do termo. No filme, o protagonista Neo ganha duas pílulas e tem de escolher qual tomar: a azul, que lhe permite seguir vivendo em um mundo de ilusões; ou a vermelha (a "red pill"), para adquirir consciência sobre a realidade que o cerca.

Com o sucesso do filme, o termo foi ganhando outro significado. Nesses espaços misóginos, tomar a "red pill" significa se descolar de um sistema que está destruindo a figura masculina. Já os que não acreditam que o sistema foi manipulado a favor das mulheres são considerados "gados", pessoas que optaram por tomar a "blue pill".

Os precursores brasileiros

No Brasil, antes de o termo "red pill" — ou até "incel" — se popularizar, já existiam comunidades virtuais dedicadas à crença de que as mulheres são naturalmente manipuladoras e malignas.

Nos anos 2000, comunidades no Orkut e blogs criados para discutir os livros escritos pelo Nessahan Alita viraram uma espécie de incubadora de grupos misóginos mais violentos que surgiram nos anos seguintes, como o Dogolachan, cujo criador foi preso e condenado a mais de 40 anos de prisão depois de uma operação da Polícia Federal em 2018.

Nessahan Alita é um escritor brasileiro que ou quase uma década escrevendo e publicando obras sobre a "mente feminina" e revelando os segredos por trás da natureza das mulheres. A obra de Alita conquistou um público masculino fiel e bastante reativo nas comunidades de Orkut, especialmente em torno das obras "O Magnetismo nas Relações Sociais" e "O Profano Feminino", publicadas entre 2002 e 2007. Em resumo, o escritor ensinava que as mulheres não devem ser bem tratadas, mas sim ignoradas ou tratadas com desprezo para que continuem interessadas.

Alita nunca revelou sua verdadeira identidade e parece ter saído de circulação depois que os grupos que o celebravam ficaram mais violentos. O anonimato de Alita contribuiu para a mística em torno de sua obra, usada até hoje como referência por influenciadores masculinistas no YouTube e em canais de Telegram.

Um universo de homens 'redpillados'

Hoje, os "redpillados" brasileiros misturam os livros de Alita à tese de autores estrangeiros como Jordan Peterson, Neil Strauss e Jack Donovan, além de ideologias que se comunicam mais com o fascismo, como o tradicionalismo ou uma vertente mais conservadora do catolicismo, os "rad trads".

Uma característica comum entre todos esses influenciadores, além da crença em teorias misóginas, é a tática de oferecer soluções simples para homens jovens que enfrentam hoje as consequências de uma crise econômica e social. As respostas vêm na forma da identificação de inimigos, a saber, os movimentos feminista e LGBTQIA+, ambos apontados como culpados pela crise da figura masculina nos últimos anos.

No YouTube, são fartas as opções de canais dedicados quase exclusivamente a expor a natureza das mulheres para os seguidores homens. Há desde "coaches" mais básicos como Schutz, ensinando táticas como o "negging" para conquistar o interesse de uma mulher, apontando alguma característica dela de forma depreciativa, até youtubers de conteúdo mais hostil, desdenhando de casos de estupro e violência doméstica.

O discurso "red pill" tem ganhado espaço nos últimos anos com a expansão dos discursos de extrema direita em espaços virtuais, especialmente os produtos centrados da cultura nerd.

Piadas misóginas e falas "irônicas" contra minorias, como já apontaram outras reportagens do TAB, se tornaram portas de entrada eficazes para jovens e adolescentes brasileiros entrarem em contato com teorias neonazistas e fascistas disseminadas em comunidades virtuais.

Marca de bebida se posiciona

Por e-mail, a assessoria da Campari pediu ao TAB para não ser associada a Thiago Schutz.

"O Grupo Campari, em razão dos últimos acontecimentos envolvendo o nome da companhia, vem a público informar que não tem, e nem nunca teve, nenhum tipo de relação, vínculo ou contato com Thiago Schutz. Campari se solidariza com todas as mulheres que foram envolvidas nesse caso de misoginia e ameaças, e rechaça veementemente toda atitude preconceituosa e violenta manifestada por este influenciador."