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Chocolate turbinado com 'cogumelo mágico' é vendido online em Goiânia

Pedro Guedes, sócio da empresa Microdosagem, de Goiânia - Lucas Diener/UOL
Pedro Guedes, sócio da empresa Microdosagem, de Goiânia
Imagem: Lucas Diener/UOL

Théo Mariano

Colaboração para o TAB, de Goiânia

21/03/2023 04h01

No quarto tranquilo de sua casa no Setor Bueno, um dos bairros mais nobres de Goiânia, o médico Amir Saado, 41, deitou-se, embalado em cobertores grossos, e vendou os olhos com uma máscara de dormir. Ele não estava sozinho naquela manhã de março: em pé, ao lado, estava o empreendedor Pedro Guedes, 37, que lhe deu uma barra de chocolate.

Não era qualquer doce: Guedes gerencia a Microdosagem, empresa que produz chocolate, cápsulas e produtos desidratados contendo Psilocybe cubensis, conhecido como "cogumelo mágico", que possui a substância psilocibina. Há demanda, diz ele, para micro (até três cápsulas, de 150 miligramas cada uma) e macrodosagens, procuradas por quem busca uma sensação mais intensa. Entre os clientes, acrescenta, há quem busque os cogumelos para fins recreativos ou terapêuticos. Para Saado, foi "para reiniciar a própria mente".

O médico ingeriu cerca de cinco gramas naquela manhã. Depois, hidratou-se e ficou deitado por cerca de 4 horas — só se levantou para ir ao banheiro. A experiência, conta, lhe ajudou a organizar as ideias. "Sinto que consigo priorizar o que de fato é importante, e sentir, principalmente, o autoperdão com fatos do meu ado", relata.

Saado conheceu Guedes por um amigo em comum. "Ele foi para um retiro, onde consumiu os cogumelos, e voltou com a mente totalmente diferente, muito mais leve", lembra. Ao notar a mudança no comportamento do amigo, o médico decidiu procurar Guedes. "Nunca tive preconceito, mas sempre achei que o uso de cogumelos fosse voltado mais para festas."

Amir Saado, médico de Goiânia, come chocolate turbinado com 'cogumelo mágico' - Lucas Diener/UOL - Lucas Diener/UOL
Amir Saado, médico de Goiânia, come barra de chocolate com 'cogumelo mágico'
Imagem: Lucas Diener/UOL
Pedro Guedes, sócio da empresa Microdosagem, na casa do médico Amir Saado, de Goiânia - Lucas Diener/UOL - Lucas Diener/UOL
Guedes istra dosagem de 'cogumelo mágico' para Saado (deitado)
Imagem: Lucas Diener/UOL

Um dia, então, ele foi atrás de informações. A loja, localizada no Setor Sul, que funciona no escritório de advocacia do pai de Guedes. Lá, o estoque fica refrigerado, abaixo de 0ºC, numa sala sem muita claridade. No freezer, há compartimentos para os chocolates, os frascos com as cápsulas e uns pacotes brancos, com cogumelos desidratados.

Guedes e o sócio cultivam os cogumelos em uma estufa e fazem os produtos. Antes, ele já trabalhou com importação de máquinas de construção e investiu no mercado de criptomoedas, entre outras atividades.

Decidiu se aventurar no consumo e no mercado de derivados dos cogumelos mágicos por volta de meados de 2019, depois de experimentar e imaginar um futuro para o produto relacionando-o à saúde mental. Nem todo mundo entendeu na época: uns pensaram que ele era louco ao ouvi-lo defender "o poder curativo" dos cogumelos. "Outros, agora, têm certeza", brinca.

Pedro Guedes, sócio da empresa Microdosagem, de Goiânia - Lucas Diener/UOL - Lucas Diener/UOL
'Algumas pessoas me achavam maluco quando eu falava do poder dos cogumelos; outras, agora, têm certeza'
Imagem: Lucas Diener/UOL

'Zona cinzenta'

Se o mercado anda aquecido, muito é porque atualmente há diversos estudos investigando o potencial dos psicodélicos para tratar ansiedade, depressão e dependência química, entre outros quadros, cita o empresário. No Brasil, os estudos estão concentrados em centros prestigiados como a UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). No fim de maio de 2022, o laboratório da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande), na Paraíba, foi autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para realizar um estudo pioneiro com a psilocibina para fins medicinais.

A psilocibina, informa a Anvisa, está na lista de "substâncias entorpecentes, precursoras, psicotrópicas e outras sob controle especial" e é proibida no Brasil. "A referida espécie não se enquadra como cogumelo comestível, insumo farmacêutico ou medicamento, razão pela qual não cabe a atuação fiscalizatória da Anvisa." Entra, então, na Lei de Drogas.

Entretanto, pondera o advogado Matteus Jacarandá, o cogumelo propriamente não é proibido. "A legalidade do fungo em si existe, o controle é apenas da substância isolada, psilocibina", afirma o diretor jurídico da associação Curando Ivo, que atende pacientes com diferentes doenças que buscam a cannabis medicinal. "Nos esporos do cogumelo não há psilocina e psilocibina, gerando uma 'zona cinzenta' quanto ao porte dos mesmos e, consequentemente, a comercialização ou transporte de esporos não constitui uma infração", acrescenta o advogado criminalista Jamil Issy Neto, especialista na Lei de Drogas.

Pedro Guedes, sócio da empresa Microdosagem, de Goiânia - Lucas Diener/UOL - Lucas Diener/UOL
O estoque da loja de Pedro Guedes fica num escritório de advocacia do Setor Sul de Goiânia
Imagem: Lucas Diener/UOL

"É uma zona cinzenta", endossa Guedes. "A lei proíbe o comércio do princípio ativo dos cogumelos, a psilocibina, mas não torna ilegal a venda dos cogumelos", diz, confiante (tanto que topou ser identificado e fotografado pelo TAB).

Guedes gerencia tudo online — no site são feitas as transações, e o atendimento é via WhatsApp; a retirada dos produtos acontece no escritório de advocacia em Goiânia. Às vezes, visita clientes, como Saad, outras viaja com eles: na sexta (17), por exemplo, pegou a estrada rumo à Chapada dos Veadeiros (GO) para istrar uma macrodosagem para um ator famoso.

A psicanalista Letícia*, 25, conta que comprou tabletes turbinados com cogumelos para se divertir, durante o dia ou à noite. "Nos primeiros 30 minutos, sempre sinto um bem-estar muito grande", relata. O gosto lembra "nuances do LSD", acrescenta, e a noite fica "iluminada" com cores vibrantes. Dentro de sua mente misturam-se harmonia e caos, conta. "Às vezes assusta um pouco."

Os produtos, diz Guedes, têm baixa toxicidade. Não são recomendados para grávidas, lactantes e pessoas com distúrbios como esquizofrenia e bipolaridade. "Nunca misture os cogumelos com álcool."

*Nome fictício