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'Lado feliz da vida': brasileiro viraliza fora do país com cartum otimista

Cartum feito em 2013 por Genildo Ronchi se tornou uma das imagens mais compartilhadas no mundo - Genildo Ronchi/Divulgação
Cartum feito em 2013 por Genildo Ronchi se tornou uma das imagens mais compartilhadas no mundo Imagem: Genildo Ronchi/Divulgação

Tiago Dias

Do TAB, em São Paulo

04/12/2021 04h00

Era agosto de 2013 quando Genildo Ronchi, 53, ou por uma rua em direção ao seu trabalho, na Vila Capixaba, um dos bairros mais antigos de Cariacica, município do Espírito Santo. O trajeto era feito algumas vezes ao dia — de manhã para ir à escola onde dava aulas de arte e, à tarde, à redação do jornal capixaba "A Gazeta". A dualidade do cenário no entorno da BR 262 se fazia notar diariamente. Era obrigado a ar em frente a um lixão e, mais à frente, diante de uma mata exuberante, cujo verde brilhava especialmente ao entardecer. Pensava como o dono do terreno e a prefeitura deixavam aquele conflito existir.

Como faz toda vez que uma reflexão vem à cabeça, sentou diante do computador e resolveu a questão no traço. Imaginou um ônibus vazio numa longa estrada de curvas sinuosas. Apenas duas pessoas sentadas. De um lado, um sujeito cabisbaixo, recolhido, com o nariz em queda, vê pela janela um paredão sombrio. Do outro, seu duplo ira o sol, com o peito estufado e rosto levantado. Caso surgisse uma dúvida, a frase acima do cartum explicava: "Escolha o lado feliz da vida".

"É a mesma pessoa", ele explica, hoje, de sua casa, em Cariacica. "É uma separação de sentimento, mas isso não quer dizer que isso é eterno, que aquele sentimento não possa mudar."

A ilustração otimista raiou como sol na vida tortuosa de freelancer de ilustração e já surfou algumas ondas de viralização desde que foi publicado. No primeiro viral, foi hit no Facebook, acompanhada posts em tom de autoajuda — algo que ele rechaça ter no seu cartum: "Eu sempre acho que autoajuda direciona para algo que vai te curar, mas você tem variantes, tem curvas nessa estrada", reflete.

Ilustrador e professor de artes, Genildo Ronchi viralizou nas redes sociais com cartum otimista - Genildo Ronchi/Divulgação - Genildo Ronchi/Divulgação
Ilustrador e professor de artes, Genildo Ronchi viralizou nas redes sociais com cartum otimista
Imagem: Genildo Ronchi/Divulgação

Fenômeno mundial

Sem nunca ter deixado de circular, o desenho ganhou força descomunal nas últimas semanas. Dessa vez, sendo ressignificado com a ironia e o deboche que se tornaram motor principal das redes sociais, principalmente na pandemia. As piadas muitas vezes são internas, sobre assuntos ou personagens específicos. Ele confessa às vezes "ficar boiando". "Mas sempre vou procurar o que significa", explica. "Fico impressionado com a criatividade da galera, ninguém entrou com preconceito, isso pra mim traz uma felicidade enorme, vê-lo sobreviver esse tempo todo de maneira positiva."

O traço simples, sem determinar paisagens ou elementos específicos do Brasil, fez o desenho ser entendido em qualquer língua. Nos últimos dias, foi uma das imagens que mais apareceu no Twitter ao redor do mundo, sendo citado pelo jornal espanhol "El País", para onde Genildo deu até entrevista, e um dos itens mais procurados na página Know Your Meme. É só procurar por "Two Guys on a Bus" [Dois caras no ônibus]. Ali, o cartum serviu para debates de temas diversos, inclusive para anunciar a nova variante da covid-19 — quem senta do lado solar, é quem não assiste as notícias.

Meme ironiza quem se preocupa ou não com a nova variante do coronavírus: "Não assiste as notícias" - Reprodução/Genildo Ronchi - Reprodução/Genildo Ronchi
Imagem: Reprodução/Genildo Ronchi

Ele diz ser difícil de contabilizar, mas acha que o compartilhamento ultraa os milhões. Ainda assim, sua renda vem dos trabalhos como professor e cartunista freelancer, desenhando o que o cliente pedir. O cartum "Lado Feliz" só foi monetizado graças à veiculação no livro e a uma palestra feitos pelo professor americano Bill Cecil, em "Seven Winning Strategies" [Sete estratégias vencedoras], com dicas para organizar a vida e os negócios.

Até hoje, o contrato de direitos autorais é renovado a cada nova edição. Fora isso, Genildo não recebe um centavo pela disseminação mundial da sua obra. "Desde aquela época eu tenho uma grande falha. Eu devia monetizar, fazer um arquivo remunerado para ganhar em cima disso. Cobrar dos memetizadores, das páginas que hospedam os memes. Mas nunca me preocupei com isso, não sei lidar com isso de moeda eletrônica", diz, citando como, ainda hoje, prefere pagar seus boletos em agências bancárias. "Sempre fiquei na minha simplicidade", resume ao TAB.

A questão não o faz sentar no assento mais sombrio do percurso. "Eu me sinto feliz. A semente que eu lancei está sendo carregada, vai geminar. Nunca pensei em ser famosão, mas eu sempre gostei de um reconhecimento", diz. Quando marcas grandes, como a Netflix, pedem para usar o cartum, ele apenas autoriza por escrito. "Virou um elemento livre, como fazer um bigode numa reprodução da Mona Lisa".

Se antes via o desenho se reproduzir sem sua , agora diz com alegria como a própria rede social cobra a e a citação dele nas publicações. "É uma troca, eles veem que eu não me oponho às brincadeiras. Essa multiplicação também é por conta dessa liberdade. O próprio público criou esse ambiente favorável. Tem a ver com o que eu penso: a democracia em cima da criação."

Do lado do oprimido

Genildo não titubeia quando questionado qual o tema do seu trabalho. "Se alguém está sendo oprimido, eu estou do lado desse cara, eu estou sendo pisoteado junto."

Isso aparece tanto nos cartuns com mensagens que valorizam a gentileza e empatia (sua veia mais autoral, ele diz), quanto nas charges políticas, que falam sobre moradores de rua, política e até notícias policiais, como a recente chacina no Morro do Salgueiro.

A pegada mais crítica vem dos tempos em que substituiu o trabalho do cartunista Amarildo, um dos maiores chargistas políticos do país, no jornal "A Gazeta". "Vem de antes também, com as charges do Jaguar e a palestras de Ziraldo. Você vê que tem o lado certo para a massa, pro trabalhador, e o lado do opressor, que é o sistema", discorre. Por isso, se sente orgulhoso por ter "descido a lenha" nos últimos presidentes, seja Lula ou Temer. "Quem é presidente já é opressor", defende. Já o atual, Jair Bolsonaro, ele diz não ser muito chegado em desenhar. "Eu evito até falar, é um nome impronunciável pra mim. Eu até desenho, mas é para excrementar".

Charge de Genildo Ronchi - Genildo Ronchi/Divulgação - Genildo Ronchi/Divulgação
Imagem: Genildo Ronchi/Divulgação
Cartum de Genildo Ronchi sobre a chacina no Morro do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ) - Genildo Ronchi/Divulgação - Genildo Ronchi/Divulgação
Charge de Genildo Ronchi sobre a chacina no Morro do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ)
Imagem: Genildo Ronchi/Divulgação

O prazer em desenhar vem da infância, ao ver o pai, que trabalhava na roça, mas que pegava em lápis e papel durante suas folgas. "Ele desenhava um boi que tinha no pasto, fazia o detalhamento dos chifres, o sombreado, eu achava o máximo, parecia uma fotografia. Ele tinha essa habilidade, só não tinha oportunidade. As mãos grossas de colher café não permitiam."

Na escola, cobrava centavos para fazer uma capa caprichada nos trabalhos. Hoje, diz ar em média 18 horas desenhando cada trabalho — sejam encomendas, charges políticas ou mensagens positivas.

Diz ser o motor da sua vida — o que o coloca no lado mais solar da sua rota. No entanto, diz ter achado graça quando leu um internauta defender que andar no ônibus com o sol na cara também não é uma experiência agradável. "Acho que eu transito. Às vezes me vejo sentado na parede, mas não triste. No geral, eu me vejo mais como quem busca sempre o lado positivo", responde, com um sorriso discreto.