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Assistimos à adaptação de Saramago que será exibida na Mostra de SP

Bastidores da gravação com Chico Diaz e Victoria Guerra - Luisa Ferreira/ Divulgação
Bastidores da gravação com Chico Diaz e Victoria Guerra Imagem: Luisa Ferreira/ Divulgação

Luiza Sahd

Colaboração para o TAB

07/10/2020 04h01

Eram 10 horas de uma manhã ensolarada em Lisboa quando jornalistas e convidados se reuniram no UCI Corte Inglés para assistir a uma exibição de "O Ano da Morte de Ricardo Reis", adaptação do romance publicado em 1984 por José Saramago e, agora, adaptado às telas por João Botelho, que também dirigiu "Os Maias (Alguns) Episódios da Vida Romântica", a partir da obra de Eça de Queiroz.

Munidos de máscaras e álcool em gel, os convidados se distribuíram na sala guardando razoável distanciamento entre uma e outra poltrona enquanto, no telão, um filme em preto e branco contava a bonita relação fictícia entre o poeta Fernando Pessoa e um de seus mais célebres heterônimos, que dá nome ao romance.

A relação entre o personagem de Ricardo Reis, vivido pelo ator brasileiro Chico Diaz, e seu entorno em 1936 — às portas da Segunda Guerra Mundial e com a ascensão de governos autoritários em toda a Europa — era bem mais complicada. Como no livro, o enredo mostra uma relação delicada e afetuosa entre criador e criatura. Mas mostra também uma sociedade que marcha rumo ao abismo com uma cegueira que lembra outro livro de Saramago.

"O Ano da Morte de Ricardo Reis" será exibido na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, cuja 44ª edição exibirá os títulos selecionados via streaming, por causa da pandemia, de 22 de outubro a 4 de novembro. Aqui, elenco e realizadores conversam com o TAB sobre a nova adaptação de Saramago, único vencedor de língua portuguesa do Prêmio Nobel de Literatura, para as telonas.

O diretor João Botelho e os atores Chico Diaz e Luís Lima Barreto na adaptação da obra de José Saramago - Luisa Ferreira/ Divulgação - Luisa Ferreira/ Divulgação
O diretor João Botelho e os atores Chico Diaz e Luís Lima Barreto na adaptação da obra de José Saramago
Imagem: Luisa Ferreira/ Divulgação

A Lisboa de ontem e de hoje

"No filme está o romance e no romance está o filme", diz Pilar del Río, presidenta da Fundação Saramago na coletiva de imprensa. Ela também está no filme, aliás. Em uma breve aparição, com roupas de época, encarando o protagonista no intervalo de uma ópera. "Vim parar em Lisboa por causa desse romance. Não teria conhecido a cidade se não tivesse lido 'O Ano da Morte de Ricardo Reis'. É um livro que carrego na alma, e me emociona muito vê-lo nas telas", conta ao TAB.

Sobre a atuação de Chico Diaz como o protagonista do longa, del Río faz gracejos para a plateia: "os espectadores podem achar estranho ouvir um Ricardo Reis com sotaque brasileiro, mas depois de ver o filme, acreditamos que o Ricardo Reis do romance falava exatamente assim".

"Nos tempos em que vivemos, com a ascensão de governos populistas e fascistas, adaptar um romance como 'O Ano da Morte de Ricardo Reis' faz cada vez mais sentido, infelizmente", diz Alexandre Oliveira, produtor executivo do longa, que custou 1,5 milhão de euros e que vai dar origem a uma série portuguesa.

O diretor João Botelho contou, no evento, algumas anedotas sobre a rodagem. "Não reescrevo grandes autores. Eu copio e colo no roteiro". O filme foi feito em preto e branco porque seria impossível filmar a Lisboa de hoje como se fosse a de 1936, disse ele, com semáforos, painéis eletrônicos e tudo o que mudou de lá para cá. "A história se a em um período de três ou quatro meses de chuva ininterrupta, mas fazia sempre sol em Lisboa quando estávamos filmando. Graças ao nosso produtor (Alexandre Oliveira), usamos os bombeiros para ajudar no efeito de chuva, e os turistas, que estão em toda parte, serviram como figurantes magníficos", diz, divertindo a plateia.

Quanto ao Ricardo Reis com sotaque brasileiro e ao Fernando Pessoa vivido pelo ator português Luís Lima Barreto — que nada tem a ver com os retratos tão conhecidos de Fernando Pessoa, Botelho diz que precisava de atores que tivessem a capacidade de representá-los, e que só a dupla poderia cumprir a missão com tamanha eficiência. "São os milagres que acontecem no cinema."

Protagonismo brasileiro

Dos 50 dias de filmagens, Chico Diaz esteve em todos. "Não podia ficar doente, produzimos o filme e a série num ritmo intenso e participei da maioria das cenas", conta o ator, que define Portugal como um "ponto de fuga artística", já que participa de outros projetos audiovisuais no país, para onde pretende se mudar definitivamente.

"Viver um protagonista desse valor poético é uma honra. Curiosamente, no Brasil, só me deram personagens muito distantes da poesia, da elegância e da sofisticação. Então, teve que ser um outro povo para ver que tenho ferramentas para viver a delicadeza do píncaro da poesia lusófona. Vai um pouco contra a vitrine que eles [que sempre escalaram Diaz para papéis menos poéticos] querem consolidar, mas não vão conseguir."

Sobre o enredo do filme e suas semelhanças com a realidade, Diaz não acredita que os rumos da humanidade possam ser muito melhores que os de 1936, quando o enredo protagonizado por ele se desenrola. "Não creio que os ventos totalitaristas, populistas e essa nuvem negra que assolou o Brasil, por exemplo, sejam um projeto light. Ser otimista é uma certa ingenuidade. Fecharam-se as portas na TV, teatro e cinema brasileiros. Tenho dez filmes para lançar ["Rondon", "O Homem-Onça" e "Noites Alienígenas" são alguns deles] e vejo o desmonte da cultura atravancando tudo isso", lamenta. "O ambiente se tornou extremamente tóxico. Vejo palavras de ordem, likes, 'não arão' e parece que as discussões ficam na nuvem enquanto a realidade permanece inalterada."

Cena do filme "O Ano da Morte de Ricardo Reis" - Divulgação - Divulgação
Cena do filme "O Ano da Morte de Ricardo Reis"
Imagem: Divulgação

O poder do 'não'

Sobre a semelhança entre o cenário político retratado em "O Ano da Morte de Ricardo Reis" e o atual clima de tensão global, TAB pergunta a Pilar del Río o que ela acha que Saramago diria sobre a história se repetindo, em alguma medida, quase um século depois.

"Não penso no que ele diria sobre isso porque José já deixou tudo dito em 'Ensaio sobre a Cegueira', 'Ensaio sobre a Lucidez' ou em 'As Intermitências da Morte', quando a morte deixa de matar. O que ele tinha a dizer foi dito, mas ele insistia na importância capital que cada um de nós tem sobre os rumos da história. Em um evento na Espanha, disse: 'existem duas grandes potências no mundo. Uma são os Estados Unidos; a outra é você'", lembra. "Cada um de nós pode ser uma superpotência. Essa é uma parte importante da distopia que estamos vivendo — pandêmica, ditatorial, neofascista ou diretamente fascista. É fundamental a nossa capacidade de dizer 'não' e nos mantermos com a cabeça levantada."

Para o professor da Universidade de Coimbra e membro do Conselho da Fundação Saramago, Carlos Reis, o autor tem uma característica dos grandes escritores: "não só conta sobre seu tempo e, às vezes, sobre tempos ados, como também antecipa o futuro", diz ao TAB. "'Ensaio sobre a Cegueira', por exemplo, naquilo que tem de horror, medo, repulsa e pânico coletivo, tem muito a ver com o que estamos vivendo hoje, com a pandemia. A cegueira do livro era uma espécie de pandemia."

Carlos Reis opina que, apesar da fama de pessimista, Saramago ensina que a humanidade não precisa ser tão eufórica e nem tão segura de que tudo acaba bem. "Ele nos mostra que é importante controlar nossos instintos para evitar cenários distópicos como o que vivemos. Muitos livros dele não se am em lugar nenhum, o que significa que se am em todos os lugares. Por isso, é uma obra tão universal."