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Bernardo Machado

Você é uma vítima de verdade ou é só mimimi? Como opera a censura

iStock
Imagem: iStock

Colunista do UOL

24/10/2020 04h01

As invenções da linguagem costumam ser indício de práticas e de dinâmicas sociais inéditas. O termo "mimimi" é exemplo da criatividade das palavras e de como elas nomeiam as relações que estabelecemos. Não sou linguista, mas arrisco dizer que mimimi é onomatopeia, essa figura de linguagem que utiliza de palavras para dar voz a um som específico. Isso porque a expressão representaria o "ruído" de uma reclamação tão insignificante que não poderia ser compreendido e resultaria em murmúrio desprezível.

Geralmente quem usa o termo "mimimi" se refere a uma postura ou crítica feita por outra pessoa (ou conjunto de pessoas) que não mereceria atenção por ser exagerada, e que trataria de temas insignificantes e descabidos. Há quem empregue o "mimimi", por exemplo, nas relações pessoais privadas, como entre parentes e colegas: "Filho, para de mimimi e faz a lição!", "Chega de mimimi e vamos terminar o relatório". Mas é notório que, no debate público, a categoria receba especial atenção e navegue com força nas redes sociais, nos comentários a textos e nos vídeos publicados: "Esses LGBT só fazem mimimi", "essa coisa de igualdade racial é mimimi, no Brasil é melhor que nos Estados Unidos", "o mimimi das mulheres levou a políticas discriminatórias contra os homens".

Sobre este aspecto político, identifico duas etapas para o emprego do "mimimi". Há inicialmente um incômodo perante um conjunto de argumentos e reflexões e, em seguida, recorre-se à expressão para desqualificar uma posição defendida. Embora esses dois procedimentos sejam conectados, talvez seja proveitoso separá-los.

O incômodo diz respeito a sensação de que a experiência social está repleta de armadilhas e de que não há mais tranquilidade possível. Quando algum movimento social aponta práticas discriminatórias ou algum grupo oprimido indica a existência de posturas racistas, misóginas ou lgbtfóbicas em determinadas situações — como no caso do filme "Duna", a ser lançado em breve —, há quem enuncie o desconforto causado: "Tem tudo isso aí em uma única fala?", "eu fiz errado a vida inteira?". Isto é, uma crítica direcionada a uma ação, uma obra ou uma figura em particular logo parece se estender a um conjunto maior de pessoas, de modo que as colocaria em posição de reavaliação de suas posturas e, eventualmente, de defesa de sua personalidade e até de sua história.

Diante dessa situação, há quem considere essas reivindicações um excesso reflexivo, procurar pelo em ovo. Quem se sentiu criticado/a a a sugerir que a crítica é sinônimo de cerceamento de suas opiniões. "Que gente chata, patrulha tem limite", "Hoje em dia tudo é polêmica. Que saco!". Nesses casos, há uma sugestão de mordaça ou de censura sendo executada.

O protesto se transforma numa "chatice" — "os chatos do politicamente correto atrapalham demais" — e esse argumento costuma levar à desqualificação (embora nem todas as pessoas recorram a ela). O emprego do termo "mimimi" emerge com vigor nessas ocasiões. Para desqualificar, cria-se uma hierarquia. Alega-se que movimentos sociais estariam dando demasiadamente atenção a aspectos frívolos, enquanto outros problemas mais graves estariam desassistidos pelas políticas públicas. Nesse caso, opera-se pela alusão de que uma crítica é, na realidade, uma "frescura".

Com isso, algumas demandas am a ser entendidas como hierarquicamente inferiores na ordem de prioridades sociais. Nesses casos, o contexto do debate costuma ser desconsiderado e outro problema que sequer estava em questão assume a dianteira da conversa. A conclusão seria a acusação de autovitimização: movimentos sociais atentariam contra o debate justamente por se produzirem como vítimas de alguma situação. Em um país atravessado pela desigualdade e pela violência, há uma espécie de valorização da resiliência e um ceticismo para definir quem seria uma "vítima de verdade" digna de empatia e que não faria "mimimi" - como pondera a antropóloga Beatriz Accioly quando analisa casos de violência contra mulher.

Não quero, com essas considerações, descartar a possibilidade de que críticas e reflexões sobre práticas discriminatórias possam conter excessos ou mesmo equívocos. Por vezes a reflexão pode assumir uma postura quase aristocrática - "como você não sabe que isso é discriminatório?" - e, pelo tom, impedir a conversa. Interessa compreender a posição das pessoas em um eventual conflito. Por exemplo, uma pessoa LGBTQI+ de classe média, branca e jovem pode ser discriminada por sua orientação sexual por uma atendente de meia-idade, negra em um serviço público. Como estabelecer um diálogo e uma resolução sem, com isso, reproduzir violências de classe, raça, sexualidade e geração?

De toda forma, vale levar a sério quem emprega o termo "mimimi", não para desqualificar o debate sobre os direitos de grupos historicamente subalternizados, mas para entender que inquietações o termo carrega. Quero crer que nem todo mundo que emprega a expressão é mal-intencionado e necessariamente tenha uma agenda discriminatória e violenta. É preciso saber quem usa o termo, quando o enuncia e os motivos de sua enunciação. O contexto, nesse caso, importa. Isso porque a categoria revela que, em nossas relações sociais estamos, com frequência, dispostos a desconsiderar e deslegitimar algumas reivindicações e críticas feitas por outras cidadãs e outros cidadãos. Tratar do assunto pode ser uma forma de afinar a comunicação e a saúde de nossa democracia.